5 de novembro de 2010

"Flashback's - Lembranças de um ex-rico" Cap.1

Esqueça seu celular pré pago e sem crédito!
Esqueça sua esposa velha, cheia de varizes e celulites pelo corpo!
Esqueça seu marido velho, barrigudo, fedido e enrugado!

Eu sou Tony Versátil, lindo e rico. Todo trabalhado nas grifes e no glamour!!
E como prometido, começa hoje a minha blognovela: "Flashback's- Lembranças de um ex-rico".
Confira a história de Stela, uma mulher pobre que um dia foi rica, mas que hoje enfrenta todos os perrengues que a classe C também enfrenta.

Humorista, estilista, consultor de moda e agora, autor de blognovela!
Se cortem invejosos, eu sou uma pessoa multi talentosa!!


Stela olha ao seu redor e começa a lembrar do luxo e das mordomias que tinha acesso em outros tempos. Vagas lembranças, hoje em dia, sua situação é outra.
Ela é uma mulher de trinta e dois anos, porém, aparentava ter menos, no máximo, uns vinte e cinco. Sua pele é bem tratada, pois antes, fazia aplicações de cremes e loções importadas e fazia retoques recorrendo a cirurgias plásticas. Seu corpo malhado e bronzeado de quem freqüentava as melhores academias, suas roupas das melhores grifes e assinadas pelos melhores estilistas e designers estão numa mala, num canto qualquer da pequena quitinete em que habita, pois onde estava, os vizinhos fofoqueiros e toda a gentalha que morava no bairro que ela, não mereciam contemplar tão belas vestimentas.
Ela veste sua roupa de trabalho, nada além de uma mini saia que deixa exposta suas coxas bem torneadas; veste também uma mini blusa e uma bota de cano alto. Sua maquiagem barata enfeita o rosto limpo e sem marcas de expressão. Essa é sua roupa de trabalho.
Sete horas da noite, corre pra pegar o “busão”, é hora de ir pra rua garantir a grana que vai pagar o aluguel de sua quitinete.
Dentro do ônibus lotado ela agüenta calada o forte odor de sovaco sujo e de chulé dos trabalhadores e trabalhadoras que retornam para seus lares. Precisa agüentar também o cara atrás lhe encoxando e se aproveitando da situação em que estava, ela se esquivava, mas era inútil, ele se aproximava ainda mais. Desiste.
Aperta a campainha, é hora de descer.
Se sente aliviada por ter saído daquele ônibus fedido e pronta pra mais uma noite.
Anda devagar, sem pressa, já que terá o resto da noite e da madrugada pra trabalhar.
Chega em seu ponto: a esquina de uma avenida movimentada.
Não demora muito e um cara aparece.
Seu carro: um Chevete 1980.
-E aí gata!
Ela balança a cabeça e dá um sorriso forçado.
-Quanto é? – pergunta ele.
-Duzentos a hora! Ta a fim?
-Fala, sério! Você não vale tudo isso!
Ele arranca seu carro velho que dá um estouro no escapamento.
Ela agradece a Deus, não estava a fim de entrar naquele carro velho mesmo.
Neste momento começa a lembrar dos carros que entrava antes. Todos importados e com chofer.
Seu pensamento é interrompido por outro homem. Este está num carro mais novo, um modelo ano 2005, mas nacional.
Stela se aproxima da janela e se espanta ao ver o rapaz, muito jovem, aparentava 20 ou 22 anos, pois está acostumada com homens mais experientes, acima dos 40.
Com entusiasmo o cumprimenta.
-Olá, tudo bem?
-Tudo ótimo, melhor agora, gata! – responde o moço – Quanto é?
Stela fala seu preço e ele aceita. Ela entra no carro.
Três horas depois lá está ela, feliz com seu primeiro saldo, 600 reais que faturou com seu primeiro cliente da noite.
Mais sete pessoas aparecem, carros bons, outros nem tanto. Esta é sua regra: apenas pessoas classe média-alta. Pobres nunca.
Tem um motivo especial pra essa exigência, pois já tinha sido roubada muitas vezes por pessoas mais “humildes”.
Seis horas da manhã, feliz e realizada com o bom dinheiro que recebeu dos três clientes que atendeu, ela chama um táxi, jamais agüentaria pegar outro ônibus pra voltar pra casa naquele horário e nas condições que estava: podre de cansaço e de sono.
Chega em casa em vinte minutos. Paga o táxi, entra no prédio e sobe direto pra sua quitinete.
Toma um banho no chuveiro quase frio. Come uma fruta e se joga na cama.

(continua)



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